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Coluna: Gordos não vão para o céu – Qual o poder de escolha de uma pessoa gorda?

Gordos não vão para o céu, porque são Anjos, entre nós !!

Mariana Mussi / Divulgação

 

A gordofobia é uma forma de preconceito que existe há muito tempo e não é algo novo. Ela se manifesta de diversas maneiras, desde atitudes e palavras negativas, até representações prejudiciais e barreiras de inclusão para corpos gordos. Essa discriminação está enraizada em uma sociedade que idolatra corpos magros e esbeltos, marginalizando aqueles que não se encaixam nesse padrão. Isso resulta em rotulagem pejorativa e, em muitos casos, em bullying.

É absurdo afirmar que corpos gordos não são saudáveis ou que pessoas gordas são engraçadas e desajeitadas simplesmente devido ao seu peso. Pessoas gordas enfrentam desafios diariamente ao sair de casa para trabalhar ou estudar, e muitas vezes são alvo de piadas e constrangimentos.

É fundamental discutir amplamente a gordofobia, reconhecer o preconceito e trabalhar para combatê-lo. Mas o que exatamente caracteriza a gordofobia? Na ausência de uma legislação que regulamente esse tipo de preconceito e com a constante presença de comédias stand-up, programas de TV e filmes que zombam de pessoas acima do peso, a gordofobia se tornou tão arraigada na sociedade que muitas vezes somos gordofóbicos sem perceber.

Alguns comportamentos preconceituosos incluem: não usar a aparência física para identificar uma pessoa, evitando comentários como "aquele gordinho ali"; não associar o peso com preguiça, pois essas características não estão necessariamente relacionadas; não presumir que uma pessoa gorda está constantemente tentando emagrecer e falhando, evitando frases como "você emagreceu e ficou bonito". A beleza não se limita à magreza, e muitas pessoas perdem peso de maneira não saudável devido a distúrbios alimentares ou depressão. Além disso, é importante evitar termos como "fofinho", ou "gordinho".

Lembro-me de um amigo querido da época em que estudava na Unirio, nos anos 90. Ele estava cursando jornalismo, era uma pessoa maravilhosa, cheio de talento, escrevia textos, poemas inesquecíveis, e sempre me inspirava quando eu estava melancólica. Tragicamente, ele tirou a própria vida. Nunca o vi se queixar ou ficar triste, mas depois descobri que ele havia se apaixonado por alguém que o humilhou e fez piadas sobre seu peso.

Meu amigo, chamado Ulisses, sofria de depressão e nunca compartilhou seus sentimentos com ninguém, apesar de sempre aparentar estar sorrindo. Ele se foi porque se apaixonou por alguém cruel que o tratou de forma desumana simplesmente por ser gordo.

Nesse mesmo período, um talentoso ator, chamado Luiz Maçãs, também se suicidou devido à depressão, ele havia tentado inúmeras vezes perder peso. Ele estava com 120 quilos e conseguiu emagrecer 20 quilos após um tempo em um spa, depois estreou em uma peça chamada "Angels in America". Eu o vi atuar, estava incrível. Era uma pessoa doce.

Por que estou compartilhando essas memórias tristes? É importante lembrar o quão frágil é a vida na Terra. Por que precisamos ter corpos magros e definidos? Por que as pessoas se submetem a dietas extremas, muitas vezes sem a orientação de um nutricionista? Por que o mundo é tão cruel com aqueles que não se encaixam no padrão irreal criado pela mídia?

Recentemente a vereadora, Telma de Souza, conseguiu aprovar, o Dia da Luta Contra a Gordofobia, na Cidade de Santos. Oficialmente, agora faz parte do calendário da Cidade.

Acredito que todos têm o direito de ter o corpo que desejam e merecem respeito por sua liberdade de serem quem são. O documentário "Gordos não vão para o céu", da cineasta e minha querida amiga Mariana Mussi, merece ser aplaudido de pé. Tive a honra de fazer parte da produção desse documentário, e fico extremamente feliz em saber que a arte pode mudar perspectivas e trazer esperança para todas as pessoas gordas que, neste momento, estão em busca de orientação em um mundo que valoriza a aparência mais do que a essência. Um trabalho belíssimo de Mariana Mussi.

Foi uma verdadeira honra fazer parte da realização do seu documentário, e estou imensamente feliz por ver o meu nome nos créditos, ao lado do seu, Mariana. A nossa parceria é algo que vai perdurar para sempre, e cada momento de trabalho ao seu lado é simplesmente incrível!


o ator, Luiz Maçãs

 

o ator, Luiz Maçãs


Mariana Mussi e o pôster oficial do documentário "Gordos não vão para o céu - Qual é o poder de escolha de uma pessoa gorda?"


Câmara Municipal de Santos, no dia da aprovação do projeto de lei, da luta contra a gordofobia / Imagem Mariana Mussi


Mariana Mussi, a Iluminada


Conheci Mariana durante seus anos de atuação no LabCine, na Unisanta, e imediatamente percebi que ela era uma amante do mundo geek, repleta de ideias brilhantes e tinha um apreço genuíno pelas minhas ideias mais engraçadas.

Mariana não apenas se formou com excelência em Produção Multimídia, mas também se destacou como roteirista, redatora e cineasta, sendo a mente criativa por trás do site Estúdio Homies. Talvez sua suposta influência da lua em Aquário tenha algo a ver com isso, mas, brincadeiras à parte, Mariana é uma pessoa iluminada. Em um mundo onde muitos parecem ter perdido a empatia, ela é um farol que ilumina os corações das pessoas ao seu redor. É uma pessoa inspiradora.

A evidência disso está em seu documentário, que serve como uma lição para aqueles que menosprezam aqueles que não se encaixam nos padrões convencionais ou que simplesmente os subestimam. O poder está em continuar, a jornada é longa, mas inevitável!

Com o roteiro e direção de Mariana Mussi, o documentário é sensível e perspicaz. Seu roteiro é poderoso, potente. Lembrando a todos que todos têm o direito de seguir suas vidas sem serem julgados por seus corpos. Os gordos não devem ser excluídos do céu simplesmente porque são anjos na Terra.


Oscar Stefanno Fornari

Ele é um versátil talento no mundo da produção audiovisual, desempenhando papéis cruciais como editor de vídeo, roteirista, compositor de trilhas sonoras e desenvolvedor de jogos. Sem dúvida, Oscar é um jovem cineasta de imenso potencial, destinado a um futuro brilhante.

Em colaboração com Mariana Mussi, ele co-fundou o Estúdio Homies, e, juntos, deram vida ao documentário intitulado "Os Gordos Não Voam para o Céu". A parceria entre Oscar e Mariana foi fundamental para tornar realidade esse projeto documental.


A Mostra MABS

O Movimento Audiovisual da Baixada Santista realizou a sua 14ª Mostra Mabs, no Teatro Guarany, em 21 de setembro. Foi uma experiência incrível assistir a documentários provenientes de diversos locais de Santos, todos apresentando propostas sensíveis. Senti-me verdadeiramente feliz em poder apreciar cada um dos filmes exibidos.

Santos sempre foi um celeiro de grandes talentos, abrigando talentosas atrizes, atores, cineastas, dramaturgos e roteiristas. Tive o privilégio de prestigiar o documentário "Os Gordos Não Vão para o Céu" na mostra, que foi devidamente selecionado e me deixou profundamente tocada.

Foi maravilhoso, encontrar, no Teatro Guarany verdadeiros ícones da arte santista, como Rosane Paulo, Dino Menezes, Bete Nagô, Iasmin Alvarez, Raquel Pellegrini, Instituto Querô...


Teatro Guarany














Dino Menezes, Mariana e Oscar Stefanno Fornari


Eu e Mariana Mussi





Gente do teatro, do Audiovisual, do cinema, da Arte



Silvia Diaz, a menina amuada que brincava de Teatro sozinha...



Eu e a mestra Rosane Paulo, maravilhosa Atriz



Eu e a Poderosa Bete Nagô !!!


PRECISAMOS MUITO MAIS QUE EMPATIA


Em uma sociedade enferma, na qual muitos perseguem a busca por curtidas e a perfeição corporal por meio de dietas extremas e exercícios exaustivos, é uma pena que todos sejam compelidos a uma incessante busca pela fonte da juventude e da beleza.

Nesse mundo aparentemente ideal, aqueles que não se ajustam ao padrão estabelecido são excluídos, e é importante reconhecer que a gordofobia é, de fato, um crime. Não devemos tolerar, humilhar, insultar ou menosprezar alguém simplesmente porque não se encaixam em um padrão de beleza que, na realidade, é inatingível.

O nosso mundo enfrenta uma fase crítica, marcada por conflitos, a ameaça iminente da fome global, a possibilidade de novas pandemias e a escassez de água. Há tantas preocupações mais urgentes do que julgar o corpo alheio.

Precisamos muito mais do que empatia, pela causa da gordofobia, temos que ser acolhedores, respeitosos, fraternos e caminharmos juntos.

A vida é passageira, e nossos corpos também, temos que nos preocupar em ser e não ter isso ou aquilo.

Não precisamos de espelhos e sim de liberdade.

 


Sobre o Autor:
Silvia

Atriz, Performer, Dramaturga e Roteirista. Estudou interpretação Teatral(Unirio). Graduada em Produção Audiovisual(ESAMC). Apenas uma Artista que vende sonhos em dias cinzentos. E quando os dias não forem tão trevosos, ainda assim continuarei a vender meus sonhos!! Cores, abraços, afetos, lua em aquário...

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