[Análise] Fatal Fury City of The Wolves: O brilhante retorno da franquia após 25 anos

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Espaço na Brasil Game Show 2024

Durante a BGS 2024, a SNK disponibilizou uma demo jogável do mais novo jogo da franquia Fatal Fury (Garou Densetsu em japonês), que estava em hiato por 25 anos.

Na versão para público e imprensa, cinco personagens estavam disponíveis para gameplay: Os já conhecidos Terry Bogard, Rocky Howard e Mai Shiranui e pelo time dos novatos, Preecha, discipula de Joe Higashi e Vox Reaper, lutador que possui ligações com os boss de Garou Mark of The Wolves, Grant e Kain Heinlein.

Controles e novidades na mecânica

 

Os controles de COTW seguem o padrão SNK de jogos de luta, 4 botões: 2 para soco e 2 para chute (fracos e fortes) e o sistema S.P.G (Selective Potencial Gear) onde você pode escolher em qual lugar da barra ele fica (começo, meio ou fim) para obtermos vantagens para nosso lutador, agora terá ligação com a novo mecânica do jogo: o Sistema DEV.

O Sistema DEV possui técnicas únicas dentro de sua gama: Artes, Golpe, Defesa e Aceleração.

- As Artes potencializam os golpes normais apertando os dois socos ou chutes
- O Golpe DEV pode neutralizar um ataque e gera um poderoso golpe, tanto no chão quanto no ar.
- A Defesa DEV afasta o adversário, colocando mais espaço entre eles, podendo gerar mudanças de turno durante a luta.
- Na Aceleração DEV você pode emendar golpes DEV (como por exemplo emendar um Crack Shot DEV depois de um Burn Knuckle DEV com Terry)

Todas essas técnicas geram um aumento da barra DEV, que quando chega aos 100% o jogador entra em estado de superaquecimento, onde o lutador perde o direito de realizar golpes DEV, a barra de defesa diminui a cada golpe recebido podendo entrar em estado de quebra de defesa quando esta chegar a zero e se recuperar dos golpes levará mais tempo quando isso ocorrer. Para que sua barra não chegue aos 100% usar técnicas como a Defesa Precisa (Just Defended) e a Hyper Defesa (Hyper Defended), que são as “defesas precisas” do jogo ajudam a diminuir a barra de DEV, além de gerar outros benefícios como recuperação de vida e cancelamento da defesa em algum golpe.

Em City of The Wolves você também pode usar uma finta ou frear um golpe, a finta faz você fingir um golpe especial, sem concluir sua ação, podendo fazê-lo também após um ataque normal para reduzir sua recuperação. Frear é o cancelamento da animação de alguns golpes específicos também reduzindo sua recuperação, porém com a possibilidade de frear um ataque para gerar outro golpe especial*

Seguindo a tendencia dos jogos atuais, Fatal Fury também nos traz um controle voltado para os não familiarizados com jogos de luta, o Estilo Prático, onde você pode fazer golpes com um botão seguidos de um direcional específico.

*as técnicas de Finta e Frear estão disponíveis apenas no Estilo Arcade, não estão disponíveis no Estilo Prático.

Opinião do Competitivo

Durante nossa visita ao stand da SNK na BGS, conseguimos conversar com dois grandes jogadores profissionais sobre o jogo e sobre a cena de jogos de luta em geral.

Keoma Pacheo e Ryoran são dois dos grandes nomes da FGC, Keoma foi o primeiro brasileiro a participar da Capcom Cup ao vencer um torneio classificatório na mesma BGS em que o entrevistamos, só que 9 anos antes, quando superou um dos “5 deuses japoneses” de Ultra Street Fighter IV, Tatsuya Haitani e praticamente pavimentou o caminho da FGC brasileira como a conhecemos hoje em dia, caminho esse em que Ryoran também ajuda a pavimentar, sendo o criador do maior torneio de jogos de luta online do Brasil: o BR Kumite, onde a sua “versão” de Street Fighter faz parte do circuito World Warrior da Capcom, dando ao vencedor uma vaga direta para a Capcom Cup.

A seguir, as opiniões de ambos sobre Fatal Fury City of The Wolves e jogos de luta em geral.


E.H: Quais as considerações sobre o jogo?

Keoma: Achei o jogo muito bom, visualmente muito bom, agradável, fluxo de animação ta bom e principalmente, ele está responsivo

Ryoran: Eu vou ser bem sincero, eu não estava com hype, eu não tinha jogado Fatal Fury antes então eu não estava com hype com o jogo mas eu gostei principalmente pelo jogo ser um pouco mais cadenciado, foi o que me pareceu ali, então gostei bastante do ritmo do jogo.



E.H: Você jogou só com um personagem ou testou todos?

Keoma: Rock Howard, eu tive meia hora pra jogar o jogo e fiquei meia hora jogando de Rock.

Ryoran: Eu tentei testar o máximo de personagens possíveis, mas não tinha muito tempo, a que eu testei mais foi a Mai, porque é a personagem que eu já jogava no KOF, e com a Preecha, e eu não tinha fé de que eu ia gostar dela, mas eu gostei de algumas ideias, parece que ela tem uma mecânica de mix-up da hora, com um giro que ela faz (Circular Step), eu gostei da Preecha também.


E.H: Você acha que os Crossovers podem se tornar uma tendência?

Keoma: Eu adoraria que fosse, mas queria que fosse algo mais do que simplesmente 1 ou 2 personagens de outra franquia entrando em outros jogos e sim um Crossover como a gente viu na época de Capcom x SNK, ou seja, um jogo completo, não só um evento.

Ryoran: Eu acho que vai, eu acho que jogo de luta é muito bom pra isso, justamente. Mas assim, na minha opinião, tem que ser um crossover que faça um pouco mais de sentido, porque o Negan no Tekken, a gameplay era muito Tekken, mas o personagem não tem nada a ver. então eu acho que sim, é uma onda que eu até acho legal, o Mortal Kombat colocando personages de filmes de terror eu acho fantástico, acho que é uma vibe que combina muito, eu acho que os personagens do Fatal Fury no Street Fighter também combinam muito por serem muito carismáticos, mas cara, não dá para colocar o Steve do Minecraft em um Street Fighter da vida, então eu acho que tem que ter coerência.

E.H para Keoma: Você acha que esse é o maior boom dos jogos de luta desde o do final dos anos 90?

Keoma: Acredito que a gente ta no meio do, digamos, o “terceiro boom”, a gente teve três grandes momentos de impacto em Fighting Games: um com Street Fighter II, outro com Street Fighter IV e agora com Street Fighter 6 junto com City of The Wolves e todos os jogos que estão vindo, a gente tem Tekken 8, a gente tem MK1 e a gente ta muito bem servido de Fighting Games nessa geração então acredito que a gente ta em um bom momento, mas é um momento no qual a gente tem que capitalizar pra trazer mais gente e não simplesmente ter o nosso jogo favorito pra nós.


E.H para Ryoran: Ao ser entrevistado por nós, Keoma Pacheco nos disse que estamos entrando no “terceiro boom” dos Fighting Games, você concorda com ele?


Ryoran: Eu concordo, eu acho que a gente tá numa época com jogos de luta completamente diferentes, mas que é muito bom pro público no geral, porque jogos de luta antigamente eram extremamente difíceis, hoje em dia pelo menos o “basicão” ali é muito mais fácil, apesar de ainda ser difícil. E eu também acho que sim, pois a gente tá com números muito bons em jogos de luta, eu acho que tá crescendo cada vez mais e o produto tá ficando muito bom.

E.H: O que você acha que precisa para os Fighting Games terem mais visibilidade nos E-Sports?

Keoma: Impulsionamento das publishers, não adianta você ter gente competente, um público dedicado e uma audiência dedicada, uma audiência apaixonada pelo jogo se a publisher ser a mesma coisa que nada.

Ryoran: Para que o jogo de luta ficar mais popular do que é, eu acho que o jogo tem que ser mais acessível, de preferência gratuito, que a gente tem pouquíssimos jogos de luta gratuitos, mas para os times investirem eu acho que é muito visibilidade. A gente precisa de mais isso, mais visibilidade ali assistindo os campeonatos e tal, porque querendo ou não comparados com os grandes E-sports, a nossa visibilidade não é grande. A gente não consegue se comparar com eles, então muitos times já falaram pra mim que eles preferem investir em outros jogos que eles sabem que vão dar mais certo.

Conclusão

Fatal Fury City of The Wolves é uma clara evolução da SNK em termos de gráficos desde o lançamento de Samurai Shodown (2019) com a Unreal Engine 4, passando por The King of Fighters XV e de gameplay com o novo sistema DEV, um jogo agradável, gostoso de jogar, convidativo para todos os estilos de jogos de luta, um elenco inicial muito bem escolhido e convidados incríveis (Ken e Chun-Li de Street Fighter farão parte do Year 1 e ainda estamos aguardando respostas sobre como será a participação de Cristiano Ronaldo no jogo) e ainda para a alegria dos jogadores da geração anterior, o jogo será lançado para Playstation 4.
Em resumo, City of The Wolves traz a nostalgia dos anos 2000 de volta junto com um futuro promissor tanto para os jogos de luta tanto para a franquia que esperou mais de 25 anos para ter uma continuação.

Agradecimentos especiais à Rany Ferraz e Diogo Lara da Theogames por todo o suporte para que pudéssemos testar o jogo. E aos nossos entrevistados Keoma e Ryoran pelo tempo cedido.

Sobre o Autor:

formado em ADM pela Etec de Embu das Artes, esse "Pacato Cidadão" fã de Oasis, Beatles, Sonic, Street Fighter, Fórmula 1, Animes e Tokusatsu também streama nas horas vagas.