Coluna: O que é RPG e como começar a jogar
Essa sigla te parece estranha? Tem vontade de conhecer o jogo? Então vem comigo aprender mais sobre esse maravilhoso universo.
RPG, que vem de Role Playing Games ou Jogo
de Interpretação de Papéis, é uma forma única de entretenimento.
Tradicionalmente é jogado com um grupo de amigos, sendo que um deles atua como
Mestre (ou Narrador, ou qualquer outro nome que preferir), responsável por
criar uma história interativa. Os outros jogadores controlam personagens
variados, cujas histórias se desenrolam de acordo com o tipo de jogo escolhido.
Pode também ser jogado sozinho, numa modalidade conhecida como RPG Solo, que
será tratada em textos futuros.
Sei que muitos de vocês já devem estar familiarizados com o
conceito de RPG, mas este texto pode ser o primeiro contato de alguns com esse
jogo, especialmente para aqueles que estão acostumados apenas com videogames.
Também pode interessar àqueles que adoram assistir a transmissões ao vivo de
pessoas jogando RPG e desejam entender como esse fascinante jogo conquista
pessoas de todas as idades.
Como tudo isso começou?
No ano de 1974, quando Dungeons & Dragons (ou
simplesmente D&D) foi lançado no mercado, era um jogo inovador e com uma proposta
nova. Criado por Gary Gygax e Dave Arneson, criaram esse jogo e, segundo
constam algumas fontes, eles e seu grupo de amigos desejavam uma variação de
jogos de tabuleiro a qual, ao invés de controlar exércitos, os jogadores
assumiriam personagens únicos e individuais.
D&D rapidamente se tornou um grande sucesso. Ele trazia consigo
uma ambientação fantástica com forte inspiração em obras como "O Senhor
dos Anéis" e "Lankhmar", com uma proposta de apresentar
personagens heroicos que lutam contra o mal.
Esse sucesso rendeu uma série própria, de mesmo nome,
lançada em 1983, aqui chamada de Caverna do Dragão, além de citações em filmes
e, mais recentemente, na série Stranger Things, cujo enredo faz muitas
referências aos monstros presentes no jogo.
O que eu preciso para jogar RPG?
Qualquer jogo de RPG possui um conjunto de regras, que
colocam ordem dentro do faz de conta e, ao mesmo tempo, permite que as pessoas
interajam com o mundo criado pelo Mestre.
Por isso, a primeira coisa deve ser um livro do jogo que
você quer jogar. Há inúmeras opções de cenários, regras, para todos os gostos e
bolsos, muitos deles com preços muito baixos para versões digitais ou até mesmo
de graça.
Em segundo lugar, dados. Sei que tem sistemas que usam
outras formas de medir a imprevisibilidade dentro das ações dos personagens,
usando desde cartas de baralho até torres de Jenga, mas quase todos os jogos
usam dados. Estes dados têm como função medir o grau de sucesso ou de fracasso
nas ações ocorridas durante o jogo.
Jogos como Dungeons and Dragons e Chamado de
Cthulhu utilizam dados de várias faces, que podem ser encontrados na
internet. Outros, como 3D&T e Rastro de Cthulhu utilizam
apenas dados comuns de seis lados, encontrados em armarinhos ou que você pode
pegar emprestado de outros jogos de tabuleiro. Na falta deles, há diversos apps
para celular que permitem fazer rolagens de dados.
Uma das pessoas deve assumir o papel de criar e narrar a
história, além de conhecer todas as regras e preparar elementos para que a
sessão de jogo ocorra. Chamamos isso de Mestre ou Narrador, muito embora outros
jogos deem nomes interessantes a essa função, como Juiz em Dungeon Crawl
Classics e Guardião em Chamado de Cthulhu.
Depois disso é só juntar todo mundo, abrir uma coca-cola
gelada e uns petiscos e está pronta a sua sessão de jogo.
Posso jogar sozinho?
Sem enrolação, sim, você pode jogar sozinho. Pode ser que
você não tenha um grupo regular, ou mesmo apenas deseje passar algum tempo
desbravando algum cenário de jogo no pouco tempo que você tem. Ou mesmo deseje
apenas ter a sua própria companhia para a aventura.
Esses são os RPG Solo, feitos para serem jogados com apenas
uma pessoa e existem nas mais diversas formas e ambientações. Em português
temos a série de livros Aventuras Fantásticas, com uma história fechada por
obra, publicada pela Jambô, Four Against Darkness, publicado pela
editora Retropunk, os livros da Coisinha Verde, como Notequest, Ronin
e também a 101 Games, com Vampiro - Sozinho na Escuridão e A Herança
de Cthulhu.
Há também um
grupo no Facebook que reúne aficionados pelo estilo, além de autores e
entusiastas a criadores de jogos. É um lugar bacana, seguro, com uma moderação
interessante e com um pessoal muito entusiasmado em ajudar iniciantes.
O que você me recomenda?
Devo fazer um texto separado com recomendações de jogos,
para todos os gostos e bolsos, mas, resumidamente eu indico o 3D&T Alpha,
disponível
de graça no site da Jambô Editora, sobretudo se você gosta de anime e mangá
ou deseja regras simples e ágeis para começar.
Caso você seja fã da galera que joga online via streaming,
tem o Ordem Sobrenatural e A Lenda de Ruff Ghanor, ambos também
lançados pela Jambô. O primeiro tem um apelo mais sobrenatural e investigativo,
recomendado para quem gosta de séries de suspense e mistérios. O segundo é
focado em fantasia heroica, um pouco menos que o Dungeons and Dragons e
com suporte de vídeos, livros e de podcast do Jovem Nerd.
Se sua praia é o sobrenatural, temos Rastro de Cthulhu
e Chamado de Cthulhu, focados tanto na investigação quanto no horror em
descobrir um mundo além da compreensão humana. Se você gostou do Lovecraft County,
vai gostar desse também.
Espero que agora você arrume um livro, uns amigos (ou você
mesmo) e boas rolagens.
Formado em Letras, especialista em Língua Portuguesa e Literatura, além de alguns cursos aqui e ali sobre língua inglesa. Possuo um site / podcast para falar de música alternativa, faço umas músicas experimentais ruins e sou aficionado por RPG e jogos analógicos (vulgo jogos de tabuleiro). |
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