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"Meu nome é Gal '' um recorte sensível de uma carreira iluminada

Gal, para sempre, Gal.

Reprodução

“Meu nome é Gal, tenho 24 anos

Nasci na Barra Avenida, Bahia

Todo dia eu sonho alguém pra mim

Acredito em Deus, gosto de baile, cinema

Admiro Caetano, Gil, Roberto, Erasmo

Macalé, Paulinho da Viola, Lanny

Rogério Sganzerla, Jorge Ben, Rogério Duprat

Waly, Dircinho, Nando e o pessoal da pesada” 

( Trecho de “ Meu nome é Gal “ de Erasmo Carlos )


Maria da Graça Costa Penna Burgos, conhecida carinhosamente como Gal Costa, nasceu em Salvador, uma cidade mágica que sempre foi um berço de  artistas notáveis. Ao longo de sua carreira, Gal Costa se consagrou como uma das maiores cantoras da Música Popular Brasileira (MPB), destacando-se por sua versatilidade e conquistando um sucesso inigualável. Descrever todas as glórias de sua carreira seria uma tarefa hercúlea, que facilmente resultaria em uma extensa biografia.

No início dos anos sessenta, enquanto trabalhava em uma loja de discos, Gal Costa teve seu primeiro encontro com a bossa nova, graças à influência de João Gilberto, o que marcou o início de sua carreira musical.

Em 1963, seu destino se entrelaçou com Caetano Veloso, por intermédio de sua amiga e vizinha Dedé Gadelha, que posteriormente se casou com Caetano. A partir desse encontro, Gal, Caetano, Gilberto Gil e Maria Bethânia formaram o grupo conhecido como "Doces Bárbaros". Juntos, criaram músicas com letras contestadoras e melodias revolucionárias, desafiando o regime da Ditadura Militar em um dos movimentos mais marcantes da música brasileira, a Tropicália.

A obra de Gal Costa é repleta de sucessos inesquecíveis, e entre eles, destaco uma das minhas favoritas: "Modinha para Gabriela", que serviu como tema de abertura da novela "Gabriela" em 1975.

O apelido "Gal" foi concebido por Guilherme Araújo, um renomado produtor musical e um dos mentores da Tropicália, ao lado de Caetano Veloso e Gilberto Gil. A princípio, Caetano não apreciou o apelido, porque era a abreviação de "general". Era época da ditadura militar.

Minha vida, desde a infância até os dias atuais, foi melodicamente influenciada pelas músicas de Gal Costa, assim como pelas canções dos Doces Bárbaros, Chico Buarque e Rita Lee. Lembro-me do meu primeiro beijo, embalado pela trilha sonora de "London London" de Caetano Veloso, interpretada por Gal Costa. Até hoje, os acordes iniciais dessa música evocam a lembrança desse momento especial, quando eu e o Marquinhos nos encontrávamos na praia de José Menino, em Santos, há muitos anos atrás.

Em uma ocasião, utilizei essa mesma música como trilha sonora de uma cena de teatro na escola de teatro que frequentei. Eu e um amigo querido interpretávamos dois jovens guerrilheiros e encerrávamos a cena com um último beijo, seguido pela morte da personagem ao som da música.

Durante a minha adolescência, muitas músicas de Gal Costa se tornaram o pano de fundo de momentos significativos, como "Vaca Profana", "Chuva de Prata", "Festa do Interior", "Balancê", "Massa Real", "Barato Total", "Folhetim", "Vapor Barato", "Baby", "Barato Total", "Açaí", e "Meu Nome é Gal". Sempre que ouço as músicas de Gal, um filme de memórias se desenrola em minha mente, relembrando coisas que fiz, palavras que disse e experiências que me marcaram, tudo acompanhado pela voz inconfundível de Gal.

Na verdade minha alma é muito musical.

Essa conexão com a música de Gal Costa transcende o simples apreço pela arte. É algo indescritível, mas que toca profundamente a todos aqueles que a amam. Gal, Gal, Gal, sua música é um eterno eco em nossos corações!

 

Reprodução




Os Doces Bárbaros




Os eternos "Doces Bárbaros"

Gal Costa, no festival de 1968, cantando "Divino Maravilhoso''


Meu Nome é Gal, o filme, é um recorte sensível 


via Globo Filmes

Quando soube da estreia do filme sobre Gal Costa, fiquei ansiosa e curiosa para assistir. Com um roteiro assinado por Maíra Buhler, Lô Politi e Mirna Nogueira, e uma direção poderosa de Dandara Ferreira e Lô Politi, o filme é emocionante e toca a alma de todos os que amam Gal, inclusive eu mesma, que me emocionei, e muito.

No entanto, acredito que tenha ficado aquém ao retratar toda a carreira de Gal. Mas, compreendo que seja praticamente impossível condensar toda a grandiosidade de Gal Costa em um único filme. Na verdade, o filme é composto por recortes, fragmentos de sua trajetória.

Gal, a musa do movimento tropicalista, com sua voz inigualável, é considerada "A melhor cantora do Brasil", palavras proferidas por João Gilberto. O filme possui um tom melancólico, mostrando momentos desde o início de sua carreira até os anos de chumbo, durante a turbulência da ditadura militar, quando Caetano Veloso e Gilberto Gil foram para a Inglaterra. Os recortes do filme abrangem o final da década de 1960 e o início dos anos 1970, tendo como pano de fundo a ditadura militar.

Entretanto, quando esperava ver a maturidade de Gal, o filme chega ao fim. Ficou em mim o desejo de querer mais. A cinebiografia de Gal, em minha modesta opinião, é simplesmente grandiosa demais para ser contida em um único filme, é quase estratosférica. Ainda assim, é um filme sensível e poético, mesmo que melancólico, capaz de tocar profundamente a alma.

A performance da atriz Sophia Charlote é impressionante. Ela consegue transmitir a transição da jovem Gal, no início de sua carreira, tímida, para a poderosa cantora que se tornou. Em alguns momentos, ela canta, em outros, dubla Gal, e as transições são tão precisas que cheguei a acreditar estar vendo a própria Gal. Ela surpreendeu a todos com sua atuação e recebeu a benção de Gal Costa para interpretá-la. Foi um trabalho incrível da atriz.

Destaque também para o ator Rodrigo Lelis, que interpreta Caetano Veloso. Todo o elenco está afinado, com Dandara Ferreira como Maria Bethânia, Camila Márdila, Dan Ferreira como Gilberto Gil, George Sauma, Luis Lobianco e Fábio Assunção.

Uma das cenas que mais me arrepiou foi quando Sophia Charlote emprestou sua voz para cantar o hino "Divino Maravilhoso", música escrita por Caetano Veloso e arranjada por Gilberto Gil para o Festival de MPB de 1968, imortalizada por Gal Costa. A canção fala sobre compreender os perigos de viver sob o regime repressivo, mas também a necessidade de resistir. É incrivelmente contemporânea:

 

"É preciso estar atento e forte

Não temos tempo de temer a morte

É preciso estar atento e forte"

 

A vida de Gal Costa é grandiosa demais para caber em um único filme! Após sua partida em 9 de novembro de 2022, o filme se torna uma bela e sensível homenagem a ela. Mesmo sendo sucinto, cumpre sua missão de mostrar a todos os fãs que as estrelas não morrem, elas brilham eternamente. Gal sempre foi um farol em meio a escuridão.

 

via Globo Filmes








"Respeito muito minhas lágrimas, mas, ainda mais minha risada.

Escrevo , assim , minhas palavras, na voz de uma mulher sagrada.

Vaca profana, põe teus cornos para fora, e acima da manada.

Dona de divinas tetas, derrama o leite bom na minha cara, e o leite mau na cara dos caretas ...''


( Trecho de Vaca profana, de Caetano Veloso )


Sobre o Autor:
Silvia

Atriz, Performer, Dramaturga e Roteirista. Estudou interpretação Teatral(Unirio). Graduada em Produção Audiovisual(ESAMC). Apenas uma Artista que vende sonhos em dias cinzentos. E quando os dias não forem tão trevosos, ainda assim continuarei a vender meus sonhos!! Cores, abraços, afetos, lua em aquário...

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