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Coluna: Morte em Veneza foi meu grande despertar

Meu primeiro e grande amor de menina, Tadzio.

Divulgação


Sabe, aquele filme que marca a vida da gente? Todo mundo tem o seu, e no meu caso, não foi A Fantástica Fábrica de Chocolate. Sempre me senti diferente das outras crianças.

Havia uma professora de matemática no colégio que também dava aulas de reforço escolar. Eu sempre fui péssima em matemática e passei a vida inteira fazendo exames.

Essa professora, a tia Amélia, ainda tenho uma conexão afetuosa com ela, mesmo após seu falecimento. Ela era cinéfila. Antes de se formar em matemática pela USP, foi atriz, algo interessante, inclusive trabalhou com Antunes Filho. Mas, por alguma razão, abandonou a carreira artística e mudou-se para Santos, passando a lecionar matemática.

Ela era como uma segunda mãe para mim, diferente do estereótipo dos professores de matemática, mais racionais e, às vezes, até sádicos com quem não alcançava a nota máxima.

Um dia, prestes a fazer mais um exame de matemática, ela estava me preparando para isso, sabendo que corria sério risco de reprovação.

Após a aula, ela me serviu bolinhos de chuva e coca-cola, e perguntou se eu não gostaria de assistir a um filme com ela. Aceitei sem hesitar.

Jamais imaginei que esse filme mudaria minha perspectiva do mundo, com apenas dez anos de idade.

O filme era "Morte em Veneza", um clássico do cinema ítalo-francês realizado em 1971, baseado no romance de Thomas Mann. Dirigido por Luchino Visconti e com uma trilha sonora marcante composta por Gustav Mahler, Adagietto, Symphony 5.

Foi indicado ao Oscar e ao prêmio Palma de Ouro de Cannes, vencendo o BAFTA 1972 em várias categorias, como melhor trilha sonora, cinematografia, figurino, design e produção.

Quem nunca teve um grande amor platônico, não é mesmo? Confesso, com todo o meu lirismo, que o meu foi o ator Björn Johan Andrésen, que interpretou o personagem Tadzio, um jovem extraordinariamente belo, parte da nobreza polonesa, que acompanha sua família em uma viagem a Veneza para as férias.

Sua beleza encantou o compositor Gustav Aschenbach, que se apaixonou perdidamente por ele. O filme é efusivamente poético, contando a história desse último amor do compositor, um amor epifânico e perturbador pelo garoto Tadzio, a própria encarnação de um serafim belo.

Gustav, após o fim do seu casamento e uma carreira fracassada, vai para Veneza na tentativa de se recuperar nesse momento frágil. No entanto, ele acaba completamente envolvido pelo garoto, um amor platônico que o atormenta e ao mesmo tempo o preenche de êxtase.

Enquanto esse amor proibido e secreto se desenrola, Veneza é tomada por uma epidemia de cólera. Muitos morrem, mas as autoridades escondem a doença para não afugentar os turistas.

A cena final é metaforicamente profunda: Gustav, já infectado com cólera e abatido, vai até a praia e encontra o belo Tadzio. Ele o contempla e senta-se em uma cadeira de frente para o mar, sentindo um desejo incontrolável e inatingível pelo garoto.

Gustav morre enquanto Tadzio está olhando para o horizonte, fazendo um gesto de um jovem guerreiro, como um Ícaro corajoso com suas asas de cera. A cena é poderosa, com a tintura escura dos cabelos de Gustav escorrendo em sua tentativa final de reconquistar a juventude, tudo isso enquanto Tadzio permanece sereno, como um símbolo de beleza intocável.

Os amores platônicos são potentes, são amores que são etéreos, e não serão realizados, são apenas sonhos..


Björn Andrésen










Björn Johan Andrésen, o meu amor platônico.

Ele sempre foi e será meu amor platônico, havia algo nele que fazia com que meus pés saíssem do chão, acho, que realmente foi um pequeno amor avassalador, mas não saberia definir o que seria amor, porque tinha apenas dez anos, mas não era apenas algo de fã.

Sim, foi meu primeiro amor, e não tenho nenhuma vergonha de afirmar que até hoje lembro dele.

Assim, como tenho certeza que milhares de pessoas sonhavam com Bjorn.

Foi considerado o garoto mais bonito do mundo...

Ele se tornou objeto de desejo de homens e mulheres, o seu figurino de marinheiro até hoje sucinta os mais profundos desejos.

Ele seguiu sua carreira como ator, além de ser músico .

Mas, nada se comparou ao sucesso de Morte em Veneza.

O fato é que ele sempre será o meu Tadzio !!!

Apenas nos meus sonhos, mas sempre será....

 

Trilha do filme Morte em Veneza:








Um pequeno conto para você, Tadzio.

Eu subi as escadas do prédio no coração pulsante de São Paulo, quase em um transe, vencendo vinte lances de degraus em um átimo. Ao alcançar a porta do seu apartamento, antes mesmo de tocar a campainha, ela se abriu.

Seu sorriso era como o de um serafim, doce e terno, estendendo a mão para mim e me puxando delicadamente para dentro, a porta se fechou atrás de nós.

Num salto para seus braços, ele me conduziu até sua cama. Seus lábios mordiscavam minha orelha, entoando cânticos silenciosos, enquanto eu correspondia, mordendo seus lábios, explorando sua língua.

Numa harmonia perfeita, fomos nos desnudando. Seus gestos eram ternos ao me tomar para si, seus dentes roçavam meu mamilo, alimentando-se vorazmente, movido por uma fome insaciável.

Dominei-o como uma amazona, entregando-nos a uma noite de amor ímpar. A janela do seu apartamento emoldurava uma vista pictórica do centro de São Paulo, enquanto dormíamos extasiados.

Despertei com seus beijos e seu perfume de lírios. Lentamente, ele se ergueu nu e majestoso, suas asas de cera desdobradas ao caminhar até a janela.

Eu o contemplei: Lindo, Belo, Seráfico , um Serafim. Era o homem mais deslumbrante que já conheci, e eu, apenas como uma bacante que se entrega ao êxtase.

Ele é o mais belo, meu Tadzio!!!

 




ele, atualmente

Sobre o Autor:
Silvia

Atriz, Performer, Dramaturga e Roteirista. Estudou interpretação Teatral(Unirio). Graduada em Produção Audiovisual(ESAMC). Apenas uma Artista que vende sonhos em dias cinzentos. E quando os dias não forem tão trevosos, ainda assim continuarei a vender meus sonhos!! Cores, abraços, afetos, lua em aquário...

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